Baile popular na passarela do samba encerra ‘Carnaval de Todos’ e deixa a saudade no coração dos foliões




“Acabou nosso carnaval, ninguém ouve cantar canções, ninguém passa mais, brincando feliz, e nos corações, saudades e cinzas, foi o que restou”. A Marcha de Quarta-Feira de Cinzas, canção de Vinícius de Moraes, representa bem o clima do encerramento do ‘Carnaval de Todos’, realizado pelo Governo do Estado em parceria com a prefeitura de São Luís e que foi encerrado com um grande baile popular na passarela Chico Coimbra.

A festa animada pelos grupos Lamparina, Mano bloco e BichoTerra invadiu a quarta-feira de cinzas fechando em grande estilo um carnaval marcado pela tranquilidade, segurança e pela diversidade de ritmos, algo bem peculiar do carnaval maranhense e resultante da vasta riqueza cultural do estado.

Ao longo de cinco dias do período carnavalesco, passaram 133 atrações genuinamente maranhenses pelos circuitos Seu Roseno, Antero Viana, Dona Teté e Chico Coimbra, além de 12 circuitos de rua, três tendas de tambor de crioula e shows e bandas. Os foliões apreciaram e se divertiram com toda a diversidade cultural com blocos tradicionais, turmas de samba, blocos organizados, blocos alternativos, tribos de índio, blocos afro, escolas de samba e alegorias de rua na Vila Gracinha, Praça da Saudade, Largo do Caroçudo, Rua São Pantaleão, Largo Santiago, Ceprama, REFFSA, Laborarte, Casa do Maranhão, Praça da Faustina, Rua Portugal e Praça Nauro Machado. 

Para a superintendente de Ação e Difusão Cultural da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), Jô Brandão, a acessibilidade ao Baile de Encerramento foi uma marca do Carnaval de Todos. “A ideia foi promover integração com diversão, de forma organizada. Pela particularidade do nosso carnaval, acredito que tem que haver mesmo investimento nas manifestações locais e nos artistas maranhenses. Foi assim no São João, neste carnaval e será assim daqui em diante”, afirmou.

Ela avaliou positivamente o período carnavalesco e ressaltou que a parceria entre Governo do Maranhão e Prefeitura de São Luís foi fundamental para o sucesso dos dias de folia com toda a tranquilidade aos turistas e brincantes locais. “Fizemos várias reuniões com os grupos e tivemos o reforço do policiamento, apoio da SMTT e secretarias de saúde para garantir a presença das famílias na programação. Foi bom para elas, pois valorizamos a diversidade e fortalecemos os vários tipos de carnavais”, pontuou.

O secretário Municipal de Cultura, Marlon Botão, também ressaltou a parceria entre Governo e Prefeitura. “Essa união foi fundamental para este carnaval de sucesso e está aqui o resultado, com as arquibancadas cheias mesmo no último dia. É a primeira vez que o Baile é realizado aqui e pensamos nisso para promover inclusão”, ressaltou.

A vocalista, percussionista e diretora artística do grupo Lamparina, Regina Oliveira, elogiou o investimento cem por cento destinado a artistas maranhenses: “Esta é uma valorização necessária que fortalece nossa cultura. Onde eu acompanhei, vi que o carnaval foi muito legal. A infraestrutura e a segurança estavam muito legais. E este baile é a coroação de todo o trabalho de valorização da nossa cultura e nosso povo”.

E mesmo no fim da programação nos vários circuitos de São Luís, os foliões queriam mais e se dirigiram à passarela do samba para aproveitar o desfile dos blocos afro e os shows do Baile de Encerramento. Foi assim com o autônomo Gabriel Campos, de 24 anos, que “desceu” da folia na Madre Deus para a pista da Passarela Chico Coimbra. “A melhor cultura é do Maranhão, digo com toda a certeza. Tenho amigos pernambucanos que vieram para cá esse ano e se admiraram com a variedade daqui. Eles se surpreenderam até com a presença do reggae no carnaval e do modo como aqui se dança ‘colado’. Eles se amarraram”, disse, empolgado.

E assim ao som dos ritmos que só são encontrados no Maranhão, o ‘Carnaval de Todos’ se despediu de forma apoteótica e nos corações e mentes de quem vivenciou esta festa ficaram aqueles versos históricos de Martinho da Vila, que trazem um gosto de saudade mas também de satisfação de quem durante cinco dias viveu intensamente “ sonho de reis, de pirata e jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira!”.