Lava Jato e ações no TSE deixam possível governo Temer longe da estabilidade

Mudança na presidência não significa necessariamente uma melhora no ambiente político em Brasília



A oficialização do desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff (PT), nesta terça-feira (29), aproxima ainda mais a petista do impeachment pelo Congresso Nacional e, consequentemente, Michel Temer da Presidência.

O caminho a ser enfrentado pelo atual vice, porém, deve ser marcado pela instabilidade. A começar pela manifestação popular, que deixou a #RenunciaTemer nos TrendingTopics do Twitter, nesta terça.

O peemedebista também não deve fugir de citações na Operação Lava Jato e dos pedidos de impugnação da chapa que o elegeu no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O líder do PT no Senado Humberto Costa (PE) já avisou, em discurso na Casa nesta segunda-feira (28), que “não haverá trégua” sobre uma possível posse de Temer como presidente.

Ele disse que o peemedebista será “seguramente” o próximo a cair, caso Dilma seja deposta do cargo. “Não pense que os que hoje saem organizados para pedir ‘Fora, Dilma’ vão às ruas para dizer ‘Fica, Temer’, para defendê-lo. Não!”, discursou.

A ex-ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade), em entrevista ao apresentador Jô Soares, na madrugada desta terça, resumiu a possível ascensão de Temer como um “bololô”. Para ela, ambos as legendas que formam a cúpula do governo têm responsabilidade sobre a crise atual. “Os dois partidos [PT e PMDB] estão implicados igualmente”, afirmou Marina.

Na Lava Jato

Além do imbróglio no TSE, Temer deve enfrentar investigações no âmbito da operação Lava Jato. Ao menos dois delatores do caso – o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró – citaram o nome do vice-presidente.

Delcídio relatou que Temer foi “o grande patrocinador” da indicação de Jorge Zelada para a área internacional da estatal. O ex-diretor, que seria o operador do PMDB no esquema, foi condenado a 12 anos de prisão na Lava Jato. Temer admite que chegou a se encontrar com Zelada, mas afirma que a indicação ocorreu pela bancada do partido em Minas Gerais.

O senador também relacionou Temer ao lobista João Augusto Henriques, que sucederia Cerveró na Petrobras – a indicação, segundo Delcídio, foi barrada pela presidente Dilma. O peemedebista nega relação com o lobista. O vice-presidente é apontado ainda como articulista na manutenção de Cerveró na direção da estatal. Ele nega.