Familiares apontam hematomas no corpo de universitária encontrada morta em porta-malas

O corpo de Yrna de Sousa Castro foi velado e enterrado nesta terça-feira (3), em um cemitério particular, localizado no Bairro Passaré. A jovem foi encontrada morta no porta-malas do carro do namorado, o empresário e jornalista Gregório Donizetti.

Durante o enterro da vítima, familiares contestaram a versão do namorado da jovem, de que a mesma morreu por overdose após injetar morfina no corpo. De acordo com os familiares, Yrna tinha marcas de violência no corpo.

Socorro Meyer, tia da vítima, afirma que o corpo da universitária estava com hematomas. “É incontestável as agressões sofridas, ela tá cheia de contusões. Existem lesões, e várias”, declara. Ela também contesta o depoimento de Gregório Donizetti, de que teria ficado desacordado. “Diz que não sabia o que estava acontecendo. Mas ele teve muita lucidez quando ficou andando com o corpo dentro de Fortaleza por mais de 12 horas, para convocar dois advogados e, ao invés de procurar um socorro hospitalar, vai à uma delegacia”, provoca.

Ela também contesta a informação de que Yrna tinha o costume de usar entorpecentes. “Eu não vou dizer que ele influenciou, que ele é culpado. Mas que ele tem uma parcela de culpa, ele tem. Porque, pra nós, é um fato desconhecido. E, se houve algum vício, é recente, a partir desse relacionamento”, complementa. O casal se conheceu através do aplicativo de relacionamentos Tinder, em 2015, mas a família não conhecia o rapaz.

Outra familiar que contesta a afirmação dada pelo namorado à polícia de que Yrna teria usado drogas. “É totalmente mentira. Ela tinha acabado de passar em um concurso para a Polícia Civil, então ela ia fazer os exames de sangue. Ela não ia ser burra de jogar o futuro dela fora por uma noite de drogas”, defende a familiar que não quis se identificar. Ela também afirma que havia brigas no relacionamento do casal, de cinco meses.

“Em respeito a ele usar, ela nunca me contou. Mas eu sei que ela estava querendo terminar o namoro. Eles estavam brigando muito. Inclusive, ela mandava print das conversas, discutindo toda hora, e ele sempre querendo ser superior a ela, pelo fato de que ele já foi casado e é experiente”, acrescenta. A parente também afirma que Yrna estava em sua segunda faculdade, fazia curso de inglês, era esforçada e trabalhava. 

Áudio pedindo ajuda

O irmão da vítima, Yuri Sousa, 29 anos, foi quem recebeu a notícia da morte de Yrna. Ele explica que estava em sua residência, quando os policiais chegaram por volta de 1h30 de domingo (1º), informando sobre a morte da jovem. “Afirmaram que minha irmã tinha sido encontrada morta no apartamento do atual namorado dela, o Gregório Donizetti Freire Neto, do qual eu nunca havia tido contato visual com ele. Nunca tinha conversado com ele e nem com ninguém da família dele. Não sabia onde o mesmo morava, nem se encontrava”, explica.

No momento, ele pediu ajuda à um tio. Confira o áudio da conversa na íntegra:  “Tio, é o Yuri falando. Tem como o senhor vir aqui em casa o mais rápido possível, tio? Eu preciso de alguém da família aqui perto de mim, pois eu não tenho carro. Tão dizendo que encontraram a Yrna morta na casa do namorado dela agora à noite. A polícia acabou de chegar aqui, me deu a informação. O pessoal da Delegacia de Homicídios. Eu tenho que receber esse corpo amanhã 8h, no IML, e, à tarde, ir na Delegacia de Homicídios conversar a delegada, tio. Se o senhor puder vir aqui, pra gente conversar”.

Yuri informa que conversava com a irmã todas as noites e não havia verificado nenhuma alteração de comportamento que tivesse relação com o uso de drogas. “Ela nunca demonstrou alguma alteração comportamental que demonstrasse o uso de alguma substância entorpecente. Visualmente também não constatei nenhum ferimento, nem cicatriz devido ao uso de alguma substância”, disse. Ele conta que tinha uma relação melhor com a irmã porque estavam se ajudando a supera a perda da avó, que havia falecido há dois meses.

“A relação dela com ele [namorado], eu não posso falar porque eu nunca cheguei a vê-los junto. Ele não tinha nenhum contato com a família, apenas pegava ela na porta e deixava. Segundo o meu conhecimento, namoravam há quatro meses, em janeiro de 2016”, declara. Ele também garante que a família não tem histórico de nenhum tipo de droga.

“Nós cremos que sim, pode ter acontecido algo no apartamento antes, devido a perícia ter encontrado várias seringas no apartamento. Pode ter acontecido uma briga, um confronto, e supostamente foi colocado que a causa da morte seja overdose. Não acreditamos nisso”, defende Yuri Sousa.

Exames

A polícia solicitou exame cadavérico, para identificar a causa da morte, que é entregue com o prazo de 10 dias, e o exame toxicológico, que tem prazo de 30 dias, além de outros exames não informados. “Nós esperamos isenção dos meios, da polícia civil, da perícia forense. Esperamos sair o laudo, é o que vai dizer o que realmente aconteceu. Nós queremos justiça e acreditamos em Deus”, conclui o irmão da vítima.